Caro Fabrício,
Devo confessar meu encantamento com esta longa e incrível viagem que empreende ao longo deste país, a Rússia, de que tanto gostamos e apreciamos. Depreende-se facilmente que, ao longo da Transiberiana, há uma infinidade de cidades, regiões, povos e culturas que vivem não raramente em uma atmosfera de amizade, indiferença ou franca hostilidade entre si. É o fascínio pelo diferente. E põe diferente nisso. Mas, apesar de nunca ter aportado nestas plagas, Kazan é a cidade russa que mais me atrai. A Tartária por um triz não buscou nas armas a via para a sua independência após o fim da URSS. Diferentemente da Chechênia do começo dos anos 90, foi graças ao comedimento do então líder tártaro da ocasião, Mintimer Shaimiev, que possibilitou que Moscou e Kazan conseguissem um acordo que selava a manutenção da Tartária à então novíssima Federação Russa, que surgia dos escombros da antiga União Soviética. E Kazan, hoje, está aí, esplendorosa, renovada, rica, com uma população muçulmana e cristã ortodoxa vivendo em total clima de tolerância e respeito mútuos. Lenin estudou direito em Kazan e, conta a história, fora expulso da universidade local por suas “atividades subversivas”. Enfim, Kazan possui muita história para ser depurada apenas em poucas linhas.
Um grande abraço do amigo Felipe e aproveite tudo isto aí por nós.
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Por: Felipe Goltz
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